domingo, julho 22, 2007

5 de Novembro de 2004

159 anos de Academia Recreio Artístico

Acordo mais recuperado. Vou ao Holmes nadar um bocadinho. Depois vou buscar as cópias das fotos da BD. Almoço. Sigo para a Academia Recreio Artístico, velha de 159 anos.
Reencontro um amigo do DN-Jovem. Um poeta da Tertúlia Rio de Prata teve um incêndio em casa e está com o braço todo entrapado. Eu a leste da notícia velha de dois meses.

Acabo na mesa do lançamento, a estrear uma gravata que uma amiga me deu pelo aniversário, em tons de cinza. Bastante bonita, por sinal. Tiro fotos aos poetas. Acabo a jantar com o amigo do DN-Jovem e com o Fernando Grade, que me apresenta a última revista literária Viola Delta, com uma porradaria de poetas, como habitual.
Levo um livro do Teixeira de Pascoaes para um bar de amigos, no Bairro Alto.
Desço em missão até ao Cais do Sodré. O tal inquérito dos preços. Sabem como é. Já tirei a gravata, estou de mala às costas e um ar animado. Tinha dormido bem.
Ao pé do “Niagara”, pergunto a uma senhora loura:
— Quanto são os “beijinhos”?
— 50 euros.
É a inflação! Não fiquei nada convencido.
Dou uma volta por ali. Do outro lado da rua, está uma pérola de ébano de meia-idade, com um ar muito civilizado, nada de aspecto de puta reles.
— Quanto são os beijinhos?
— Faço beijinhos e depois foder, na cama, com camisinha. São 25 euros.
Agradeço. Havia ali muito calor humano. O diálogo ocorreu de forma muito cordata, como se eu tivesse pedido um galão e um croissant numa pastelaria de um amigo.
Estou cansado. Apanho um táxi para o Galeto. O motorista conta-me umas histórias giras, sobre a juventude de hoje.
— O senhor nem queira saber como isto anda. Duas miúdas lá atrás e uma delas a dizer para a outra: “Apetecia-me e a ele também. Mas não tinha camisinhas, por isso não houve nada”.
— Ao menos essa teve juízo.


03h - Saio do Galeto, depois do reabastecimento. Volta ao Técnico, antes de ir para casa. Contagem oficial: 12 pedestres, duas auto-putas.
Uma pedestre pérola de ébano chama-me, aí na meia-distância de uns 15 metros. Vou lá, com toda a calma.
E ela: “Vamos?”
Eu (adivinhem lá a pergunta): “Quanto são os beijinhos?”.
Percebi 95 e assustei-me com a inflação e a desigualdade de critérios. Mas ela fala um misto de português e espanhol.

Eu: Quanto? 95?
Ela: 25.
Eu: Obrigado. Não tenho.
Ela: Quanto tienes?
Eu (para dar uma saída airosa): 5 (faço sinal com a mão).

Continuo o meu périplo. Na outra esquina estão dois gajos num Smart a invectivar uma pérola de ébano, que se mantém impassível:
— Diga lá, fode bem ou não fode?