quarta-feira, janeiro 02, 2008

10 de Dezembro de 2004

Bolo-rei para as putas e cabeças partidas!

16 horas - Toca o despertador. Acordo. Um bocado zonzo do kainever. Fico na cama até às 17 horas, a sonhar meio-acordado com gajas boas e miúdas queridas. Deixei de adormecer a pensar em guerras de bonecos e corridas de carrinhos com uns 12 anos. A partir daí é sempre a pensar em mulheres para adormecer. Adoro sonhar com mulheres. O outro sonho ideal é aquele em que me imagino a voar e penso que não é sonho. Que é verdade. Tive um espectacular: voava sobre uma praia, a grande velocidade, a meio metro do areal, numa prancha de windsurf. Mas não acertava com a prancha em ninguém. Outro sonho dos bons era aquele em que dava uns enormes saltos com uma Honda Mini-Trail (quem tem mais de 35 anos lembra-se da mini-mota), agarrava uns ramos de eucalipto e ficava com a Honda Mini-Trail presa entre as pernas. Depois deixava cair a mota “suavemente” de uma altura de uns seis ou sete metros, saltava para o solo na boa, pegava na mota e recomeçava. Bem, se fosse na realidade só tinha dado o primeiro salto.

19 horas - Estou a entrar no Clube Português de Artes e Ideias, onde “vai começar” às 18h30m o lançamento de “As não-metamorfoses”, da editora Errata. O autor, Alexandre “O grande” Andrade, é meu amigo. Aquilo tem lá muito malta do DN-JOVEM. E o grande Manel Dias, o Pai dos Pais, o maior! O Afonso Henriques do DN-JOVEM, o grande fundador, a quem deram um montante para se pôr na alheta do DN. Sim, deram-lhe um montante. Não, não é uma espada grande. Foi mesmo em euros. Pois, se fosse um montante/espada o Manel vendia na Feira da Ladra mas não dava para andar a curtir nas provas de orientação e no Coro Infantil de Santo Amaro das Beiras.

(Actualmente, no jornalismo português, existe uma enorme conspiração para despedir todos os elementos competentes e bem formados. A coisa vai bem encaminhada. Os medíocres já têm muito mais de 50 por cento de posse de bola)

22h - Jantar da malta amiga do Alexandre no “Sinal Verde”. Como estava um bocado speedado, uma miúda gira e inteligente que tem a mania que é formada em Linguística (e que estava a comer à minha frente) disse assim:
“Tu deves dormir muito bem! Tens cá um discurso!”.

Isso queria eu! Não dá para vires convencer os gajos por cima de mim, no escritório das cadeiras com rodinhas e das gajas com botas de salto alto por cima do chão que é de tacos, mas já teve carpete?

(Ó pessoal do escritório, adorava meter-vos um exército de malaguetas pelo rabo acima e depois amarrar-vos a um pinheiro em Monsanto e depois meter-vos mel nas orelhas e depois despir-vos todos e depois meter-vos compota de cereja nos órgãos sexuais e depois pôr o “Highway to Hell” dos AC/DC a tocar 24 horas sobre 24 horas. E havia de ser giro ver as formigas a circular das orelhas para os órgãos sexuais e vocês a levarem com os AC/DC. E quando pedissem clemência, eu só dizia: atão, como é, vão pôr carpete para me deixarem dormir, seus grandes filhos de um cabresto?)

24 horas - Saímos do restaurante. O grupo de amigos fracciona-se. Eu sigo com malta da BD, o Filipe Abranches e o Pedro Lopes. Era para seguirmos até ao “Estádio”, um bar (?) do Bairro Alto. Resolvo portar-me bem e venho até casa, para escrever o diário.

00h50M - Saio do Metro em Arroios. Subo. Junto ao Técnico, uma ambulância recolhe um corpo. Vou lá. Não tenho curiosidade mórbida por acidentes, mas depois da cena do estudante morto pelo toxicodependente só penso em desgraças. Felizmente é uma coisa muito menos grave. Um tipo partiu a cabeça, mas à partida está tudo OK.
Dobro a esquina. Mau! Outra ambulância? Nada disso. Era daqueles super-vans dos organismos estatais, que dão preservativos às putas e trocam seringas. Desta vez também estavam a dar bolo-rei. Não percebi se o bolo-rei também é um contraceptivo ou se há conveniência em trocar de bolo-rei com as prostitutas bolo-rei-dependentes.
A lourinha de Madrid estava uns metros à frente. A miúda é mesmo gira. Como já tinha falado com ela, meti conversa.
— Então, não queres bolo-rei?
(Sorriso)
— No, gracias.
Expliquei-lhe que aqui em Portugal o Dia de Reis já era muito murcho, nada como em Espanha. Ela disse que não fazia mal, que comia o bolo antes. Adorava ter uma prenda destas a sair-me no bolo-rei. Mas quase que aposto que me saía a fava, tipo, sei lá, uma apresentora de reality-show em crise pré-menstrual.