sábado, junho 23, 2007

1 de Novembro de 2004

Vou dar os parabéns ao meu amigo Lemos. Ofereço-lhe um poster do André Carrilho. Quase me esqueço de ver “Os sopranos”.

segunda-feira, junho 18, 2007

31 de Outubro de 2004

Faço anos no Dia das Bruxas!

05h10m - Acordo abruptamente. Tenho sede. Bebo um gole de água. Olho para o relógio. Fico abatido, mas nem por isso muito surpreendido. É assim com os esgotamentos. Sobe a criatividade, diminuem a capacidade de dormir, a atenção, a concentração, a memória. Aumenta a irritabilidade, ficamos hipersensíveis, com as emoções à flor da pele.
Dormi três horas, a seguir a uma “directa”!
Ponho-me a ler os jornais, um bocadinho.
Tento dormir outra vez. Fico na cama mais umas horas, para descansar os músculos.
Saio da cama, estou cheio de fome. Como vários iogurtes. Depois levo o material de banho para o Holmes Place. Antes disso compro os jornais todos a triplicar na loja de conveniência. Para mim, para o Rui Brito e para o Rabo.

Nem dei pela mudança da hora! Chego com 40 minutos de avanço ao Holmes e não posso entrar, claro. Há mais gente enganada, que vai dar uma volta. Eu fico sentado num pequeno pilar de cimento, a ver as notícias sobre o Rabo. A mais bem escrita é a do JN, com texto e fotos de Rui Bondoso.

10h15m - Ponho-me a nadar na piscina e encontro um amigo, a quem conto as aventuras e desventuras do dia anterior. Faço jacuzzi e sauna. Volto a casa e resolvo tirar fotocópias aos jornais. Para afixar na banca da POLVO, a fazer publicidade ao prémio do Miguel Rocha e a alertar para o facto do Rabo dar autógrafos da parte da tarde, na Amadora.
À conta das fotocópias só vejo a última volta do último Moto GP da temporada. O Rossi é mesmo o maior! Encerrou a época em beleza!

14 horas - Apanho o Rabo e os outros autores na “Taverna do Visconde”, na Amadora, onde somos sempre bem tratados. Como umas lulas porreiras e falho o cabrito porque a malta toda está já a sair. É importante dar apoio ao Rabo. No dia dos meus anos estou de oficial de dia ao Rabo.
Na zona dos autógrafos está um calor dos diabos e não há rede.
O Rabo fica a tarde toda a dar-lhe com intensidade. O Rui Brito vai controlando a situação, com viagens frequentes entre o stand da Polvo e a zona dos autógrafos.
A minha prima Xana vem dar-me os parabéns. Oferece-me uma T-shirt com uma frase do Damião de Góis, um CD do Birelli Lagrènne (que vi há muitos anos no Franco-Português) e “Os 50 poemas do amor furtivo”, com introdução e versões do poeta Jorge de Sousa Braga, um dos meus ídolos, que ainda não calhou conhecer pessoalmente.
À noite vamos ao jantar-volante do auditório da Câmara Municipal da Amadora, onde tudo começou para a BD há uns 17 anos e onde conheci o grande Morris, do Lucky Luke, numa sessão com uns 30 amantes de BD.
Finalmente, começam a chover telefonemas de aniversário. Malta a queixar-de de não conseguir falar-me. Explico-me com a falta de rede. Quando dou por mim, quase não há comida. Vingo-me com cinco fatias de bola de carne, por acaso porreira. E no tintol alentejano de boa escolha.

Sento-me na escadaria, com o Derradé, a Luísa Louro, quem calha. Não estou com “directa” em cima, mas mesmo assim já se nota o cansaço. E a consciência tranquila do dever cumprido, na dupla missão de amigo e anfitrião do Rabo.
Dou-lhe um exemplar autografado da obra de homenagem ao Teixeira de Pascoaes, pelos escritores da Tertúlia Rio de Prata e convidados. O meu poema chama-se “A montanha mágica”. É um livro fresquinho, acabadinho de sair. O Rabo é o primeiro a recebê-lo.
Despeço-me do Rabo, que me aconselha a dormir.
— Olha lá, mas tu achas que eu colecciono esgotamentos? Achas que é voluntário?
O Rabo sorri. Lançámos mais uma pequena âncora na nossa amizade, nascida há precisamente um ano, na “Taverna do Visconde”.
Saio com o Rui Brito, que me recebe na casa dele e me oferece chá de hortelã, bolo de iogurte e aletria doce. O Rui está estoirado e adormece ao vivo e em directo.
Acorda para me levar a casa.

domingo, junho 10, 2007

30 de Outubro de 2004

Viseu, abram alas!

O Rui Brito vem-me buscar a casa, pelas 8h45m.Estou com uma directa de insónias em cima, mas nesta fase nem estou mal, depois do duche. Seguimos para o Campo Grande, até ao hotel do Alvarez Rabo.
No átrio estão umas modelos a debater o trabalho. Mal o Rabo desce, trocamos um grande abraço e sorrisos cúmplices. O Rabo dá-me a segunda parte dos “Consejos Sexuales de Alvarez Rabo” (53% inédito) e eu retribuo com o último livro do Luís Afonso, especialmente autografado para o Rabo. O Rabo não conhece o Luís Afonso. Fico satisfeito por poder divulgar um dos nossos maiores nomes.
O trânsito está muito mau. Chove. Pomos o Rabo a par das últimas de Viseu e das tentativas de boicotar o livro. O Rabo entra em contacto com a rádio para onde faz crónicas.
Chegamos a Viseu em cima das 14 horas e almoçamos na “Congolesa”, que tem a atenção de custear a refeição aos escritores malditos.

14.45m - Marchamos decididos para dentro das Galerias Ícaro. Ficamos no átrio em frente à Livraria Polvo. A Comunicação Social (JN, Público, CM, SIC e órgãos da região de Viseu) cai em cima do Rabo, que defende veementemente a liberdade de expressão. Eu estou ao lado dele, com uma camisola de hóquei no gelo dos Calgary Flames. Tem lógica. Vou dar autógrafos no “De boas erecções está o Inferno cheio”. É tudo chama. Por baixo visto uma sweat-shirt comprada em Le Mans por um amigo meu, que ma ofereceu como presente de aniversário.
Vendo quatro livros. Quem compra, compra aos pares. Um dos compradores é já um amigo da livraria, que se estreia connosco (eu e o Rabo, claro) em sessões de autógrafos.
Quando acaba a sessão de autógrafos, vamos ver a livraria e tirar fotos. Sabemos que é um dia histórico e a malta da livraria de Viseu merece o nosso apoio, depois de estar a levar com uma cidade que ainda não decidiu se quer viver no século XIX ou no século XX.
Os contornos da tentativa de boicote ao livro são ainda mais sinistros do que eu pensava. É óbvio que somos vítimas do poder local. Instrumentalizaram a questão e vieram “marrar” logo com as “formiguinhas” que se dedicam à literatura com paixão. Em vez de uma medalha de mérito cultural por abrirmos a terceira livraria de Viseu, levamos com os tribunais. É bem!

22 horas - Chego ao jantar oficial e volante que se segue aos prémios do FIBDA (Festival Internacional de BD da Amadora, já tinha dito, não tinha?). Estou a modos que a flutuar, com a “directa”. Tudo me parece um bocado cinzento. Mas a malta da BD é fixe e ninguém estranha que eu vista uma camisola de hóquei sobre o gelo. Querem saber que tal correram as coisas em Viseu. Toda a gente acha que a publicidade que nos estão a fazer é coisa a valorizar.
Opto por comer bacalhau com natas e avio dois pratos.
A moral está mais animadita com os dois prémios para a POLVO: melhor álbum e melhor desenho para o Miguel Rocha, com “Beterraba, a vida numa colher”. Devia ser um dia de profunda alegria para a malta da POLVO. Sessão de autógrafos em Viseu, prémios na Amadora. Mas o desgaste físico e psicológico deixa marcas.

23.15h – O Rui faz-se outra vez à estrada. Vamos à Sobreda da Caparica, buscar os novos livros do Rabo (Anal-fabetos), que têm de estar disponíveis para autógrafos no dia seguinte.
Eu olho para os cruzamentos e parecem-me todos iguais. Chove. A “directa” está agora a massacrar-me. Só penso em ir para a cama. A minha voz está grave. O cansaço acalma-me os nervos. Sinto as olheiras a gritar cactos de desânimo.
Ao bater da meia-noite o Rui deixa-me em casa. Leio-lhe uns poemas bem comportados que tinha levado para Viseu. Um deles, “Young at heart”, é um hino à liberdade de expressão. Acabei por não o declamar em Viseu, porque não havia clima para isso. Não havia ninguém a insultar-nos, por isso não valeu a pena.
Ele fica espantado com o registo tão diferente dos poemas do “De boas erecções está o Inferno cheio”.

00h15m – Recebo o primeiro telefonema a felicitar-me pelo meu aniversário. É uma amiga da Comunidade de Leitores. Conto-lhes as nossas desventuras.
Tomo um pouco de chá. Não sei se vomite ou não. É do bacalhau ou da exaustão?
Vou para a cama pelas 2 da manhã. Para mim é muito cedo.

segunda-feira, junho 04, 2007

29 de Outubro de 2004

Parto-me todo e não durmo

Vou para o Holmes partir-me todo, para ver se durmo sem “bombas”. Faço uma RPM de alto lá com elas (sete homens, duas miúdas), vou nadar, faço sauna e jacuzzi. E mesmo assim não dormi.