9 de Outubro de 2004
18 horas (casa) Liechtenstein-Portugal
Sem grande fé na qualidade do futebol praticado no Liechtenstein-Portugal, opto por tomar um duche e levo o transístor para o banho. Vou seguindo as peripécias do encontro e percebo que a equipa de todos nós também está a meter água.
A segunda parte já segui via TV e diverti-me bastante com a inépcia dos profissionais portugueses face aos amadores adversários. Portugal conseguiu a proeza de encaixar dois golos do Liechtenstein. O empate deu direito a festa nas bancadas. Deve ter falhado a invasão de uma stripper, que tinha resultado anteriormente.
Faço um intervalo no ciclo de cinema francês, mas não deixo de ver cinema em francês. Lá estou eu no Nimas, para a sessão das 22 horas, para mais um filme do Otar Iosseliani. Nas críticas do PÚBLICO não faltavam estrelas, mas eu acho que confundiram o filme com o planetário da Gulbenkian.
Gosto imenso do Iosseliani e do seu registo muito pessoal, meio de fora do filme, meio por dentro, deixando passear a câmara com subtileza, criando uma galeria de personagens caricaturais, ao mesmo tempo que vai infiltrando as suas metáforas na mente do espectador.
Desta feita, porém, o “Segunda de manhã” pareceu-me um filme já repetitivo em relação à obra anterior de Iosseliani. Os actores fazem um pastiche de si próprios, remetendo para as memórias que o espectador terá de filmes anteriores. O trabalho de câmara é sempre apurado, mas a película arrasta-se. Elegantemente, mas arrasta-se. Veneza aparece de forma muito gratuita, mas ainda assim é Veneza. Não a Veneza de “As asas da pomba” (com Dominique Sanda) ou a Veneza que se vê num James Bond. Mas Veneza é sempre Veneza.
Claro que fica o politicamente correcto das metáforas da globalização, da liberdade, da diferença, num mundo cada vez mais igual e amorfo. Mas de Iosseliani espera-se sempre mais.
01h
Uma volta ao Técnico, para apurar do efeito da chuva na frequência de putas. Reduzidas a 50 por cento, segundo as últimas contagens. Duas auto-putas e doze pedestres.
Sem grande fé na qualidade do futebol praticado no Liechtenstein-Portugal, opto por tomar um duche e levo o transístor para o banho. Vou seguindo as peripécias do encontro e percebo que a equipa de todos nós também está a meter água.
A segunda parte já segui via TV e diverti-me bastante com a inépcia dos profissionais portugueses face aos amadores adversários. Portugal conseguiu a proeza de encaixar dois golos do Liechtenstein. O empate deu direito a festa nas bancadas. Deve ter falhado a invasão de uma stripper, que tinha resultado anteriormente.
Faço um intervalo no ciclo de cinema francês, mas não deixo de ver cinema em francês. Lá estou eu no Nimas, para a sessão das 22 horas, para mais um filme do Otar Iosseliani. Nas críticas do PÚBLICO não faltavam estrelas, mas eu acho que confundiram o filme com o planetário da Gulbenkian.
Gosto imenso do Iosseliani e do seu registo muito pessoal, meio de fora do filme, meio por dentro, deixando passear a câmara com subtileza, criando uma galeria de personagens caricaturais, ao mesmo tempo que vai infiltrando as suas metáforas na mente do espectador.
Desta feita, porém, o “Segunda de manhã” pareceu-me um filme já repetitivo em relação à obra anterior de Iosseliani. Os actores fazem um pastiche de si próprios, remetendo para as memórias que o espectador terá de filmes anteriores. O trabalho de câmara é sempre apurado, mas a película arrasta-se. Elegantemente, mas arrasta-se. Veneza aparece de forma muito gratuita, mas ainda assim é Veneza. Não a Veneza de “As asas da pomba” (com Dominique Sanda) ou a Veneza que se vê num James Bond. Mas Veneza é sempre Veneza.
Claro que fica o politicamente correcto das metáforas da globalização, da liberdade, da diferença, num mundo cada vez mais igual e amorfo. Mas de Iosseliani espera-se sempre mais.
01h
Uma volta ao Técnico, para apurar do efeito da chuva na frequência de putas. Reduzidas a 50 por cento, segundo as últimas contagens. Duas auto-putas e doze pedestres.
3 Comments:
Excelente! Belas recordações...
O Nimas ainda mexe!? Pois é, a invasão de strippers não ocorreu nesse jogo. Esses insólitos só acontecem mais a Leste...
Creio que irás gostar de um guia da noite lisboeta que publiquei no passado dia 12 Dezembro...
Obrigado pelo alerta. Vou em demanda brevemente.
Agora ainda tenho de escrever um texto para o workshop de teatro que estou a frequentar no D.Maria II, com o José Sanchis Sinistierra.
O Nimas mexe. Já não é o que era, mas ainda tem uma boa programação. Vou lá pouco porque os filmes ficam muito tempo em cartaz. Por isso, por ser muito próximo da minha casa e por não ter sessões da meia-noite, às vezes descuido-me e deixo fugir alguns filmes que queria ver.
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