domingo, janeiro 28, 2007

9 de Outubro de 2004

18 horas (casa) Liechtenstein-Portugal

Sem grande fé na qualidade do futebol praticado no Liechtenstein-Portugal, opto por tomar um duche e levo o transístor para o banho. Vou seguindo as peripécias do encontro e percebo que a equipa de todos nós também está a meter água.
A segunda parte já segui via TV e diverti-me bastante com a inépcia dos profissionais portugueses face aos amadores adversários. Portugal conseguiu a proeza de encaixar dois golos do Liechtenstein. O empate deu direito a festa nas bancadas. Deve ter falhado a invasão de uma stripper, que tinha resultado anteriormente.
Faço um intervalo no ciclo de cinema francês, mas não deixo de ver cinema em francês. Lá estou eu no Nimas, para a sessão das 22 horas, para mais um filme do Otar Iosseliani. Nas críticas do PÚBLICO não faltavam estrelas, mas eu acho que confundiram o filme com o planetário da Gulbenkian.
Gosto imenso do Iosseliani e do seu registo muito pessoal, meio de fora do filme, meio por dentro, deixando passear a câmara com subtileza, criando uma galeria de personagens caricaturais, ao mesmo tempo que vai infiltrando as suas metáforas na mente do espectador.
Desta feita, porém, o “Segunda de manhã” pareceu-me um filme já repetitivo em relação à obra anterior de Iosseliani. Os actores fazem um pastiche de si próprios, remetendo para as memórias que o espectador terá de filmes anteriores. O trabalho de câmara é sempre apurado, mas a película arrasta-se. Elegantemente, mas arrasta-se. Veneza aparece de forma muito gratuita, mas ainda assim é Veneza. Não a Veneza de “As asas da pomba” (com Dominique Sanda) ou a Veneza que se vê num James Bond. Mas Veneza é sempre Veneza.
Claro que fica o politicamente correcto das metáforas da globalização, da liberdade, da diferença, num mundo cada vez mais igual e amorfo. Mas de Iosseliani espera-se sempre mais.


01h

Uma volta ao Técnico, para apurar do efeito da chuva na frequência de putas. Reduzidas a 50 por cento, segundo as últimas contagens. Duas auto-putas e doze pedestres.

3 Comments:

Blogger Capitão-Mor said...

Excelente! Belas recordações...
O Nimas ainda mexe!? Pois é, a invasão de strippers não ocorreu nesse jogo. Esses insólitos só acontecem mais a Leste...

10:06 da tarde  
Blogger Capitão-Mor said...

Creio que irás gostar de um guia da noite lisboeta que publiquei no passado dia 12 Dezembro...

10:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Obrigado pelo alerta. Vou em demanda brevemente.

Agora ainda tenho de escrever um texto para o workshop de teatro que estou a frequentar no D.Maria II, com o José Sanchis Sinistierra.

O Nimas mexe. Já não é o que era, mas ainda tem uma boa programação. Vou lá pouco porque os filmes ficam muito tempo em cartaz. Por isso, por ser muito próximo da minha casa e por não ter sessões da meia-noite, às vezes descuido-me e deixo fugir alguns filmes que queria ver.

4:26 da manhã  

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