segunda-feira, setembro 24, 2007

16 Novembro de 2004

Atão a chavala dos Corrs teve um puto e não veio?

Hoje a minha amiga Maria João fez 40 anos. Cabrão do tempo! Não pára.

15h30m - Estou na hidroginástica. Mais uma vez como único representante masculino, no meio (é como quem diz, depende dos exercícios aquáticos) de 19 mulheres.
A água estava bastante fria. Gerou-se uma pequena onda de protestos. O jacuzzi, ao invés, estava porreiro.

17h30m - Almoço dobrada. Depois meto-me a caminho do metro da Alameda. Vou ao Atlântico. Estreio-me em concertos na Expo. Dei 32 euros para o balcão de nível 1. Qual concerto? Também não é mal perguntado, não senhor. Têm muita razão. Fui ver os Corrs. Se gosto dos Dalton nas histórias do Lucky Luke, também posso gostar dos Irmãos Corrs.

20h30m - Já estou sentado na primeira fila por baixo dos camarotes, a meio do pavilhão, em plena Tiazilândia. E muito céptico quanto à qualidade do som. Opto por ver bem, mas fico de pé atrás com o som.
Confirmou-se.
O concerto começou às 21h19m e só às 22h05m é que o je “entrou” no concerto, desapontado por não estar a perceber a letra das canções. Está bem que sou fã, mas também não é preciso exagerar. Gramava ouvir a miúda a dizer coisas, por mais inócuas que sejam.
A Andrea vinha toda de preto. Fartou-se de dizer “Muito obrigada” de forma correctíssima. A miúda tem energia para dar e vender. Mas gosto mais da irmã loura, a Sharon. O meu estado de espírito mudou radicalmente quando a Andrea e a Sharon começaram a esgalhar no pífaro e na rabeca, respectivamente. Aí é que a minha alma céltica me fugiu para o pezinho de dança.
O Pavilhão Atlântico estava muito compostinho. Aí umas 12 mil pessoas. Nada mau para um dia de semana. Terça-feira, pronto. Também querem saber tudo, olha que porra. Por acaso não sabem os resultados da jornada de pingue-pongue a que eu faltei? Bem me parecia.
O quê? Não, faltei mas avisei. Sim, senhor. Avisei o Inatel por carta e desejei uma salutar noite de fraternal convivência desportiva. Não foi assim, mas foi quase. Agora não vou buscar a carta, só por causa de um pormenor destes. E já ficam a saber que estas faltas de comparência me enviam direitinho para o grupo dos últimos. Se querem gozar, podem começar já.

23h10m - Terminou o concerto, depois de dois “encore”. O público rendeu-se. Acabei o concerto bem disposto, mas com aquele travo amargo do som. Bolas! Esperei seis anos até me estrear no Atlântico! Merecia um som como deve ser.
Fiquei deslumbrado com a sofisticação da Sharon, emérita violinista e toda a pinta de ser a mulher que está a fazer falta à minha vida: sensual, coleante, meiga, numa palavra: style, meus!

Quanto ela cantou a sua balada, o coração fugiu-me para a plateia VIP. Depois voltou, com um autógrafo no ventrículo de estibordo.
A irmã Caroline não veio. A irmã Andrea explicou que a chavala atravessa uma fase de recém-prenha. Já deu o puto à luz e está a recuperar. Não dá para se meter na marretada à bateria, tipo Animal dos Marretas. Não sei se foi por isso, mas os putos “groupies” das primeiras filas (muito bem comportados) mandaram-lhe uns ursinhos de peluche. E as miúdas acabaram o concerto de cachecol de Portugal ao pescoço, para satisfação do Scolari.
A Andrea disse que os portugueses eram uma “magnific audience”, mas também ainda não vi nenhum concerto em que dissessem o contrário.Uma vez o saxofonista Stan Getz (és o maior, onde quer que estejas, meu!) pôs-se a reinar com isso. “Olá, Copenhaga. Vocês são o meu melhor público dos últimos tempos. Ontem disse isto em Estocolomo”. Não sei se a ordem das cidades está certa, mas a piada era esta.
Vou ao WC. A máquina de preservativos avisa que só funciona com o dinheiro certo. Não dá trocos. Ou seja, é uma espécie de slot machine do amor que dá pouca confiança a jackpots para quem não tem as moedas certas.
Encontro uns amigos e ponho-me à conversa.
Depois ainda vou à Bertrand do Vasco da Gama. Desta vez com toda a calma. No lançamento do Luís Afonso foi de raspão. O meu “De boas erecções está o inferno cheio” está colocado entre o António Gedeão e a poesia erótica do José Craveirinha. Estou por cima do Manuel de Freitas.
A mesinha de entrada está cheia de Códigos Da Vinci.
— Não li, não gostei e tenho opinião sobre o livro! — disse um sujeito castiço para o empregado. É assim mesmo! Esta coisa de ler um livro por moda só me dá vontade de vomitar.
Começo a folhear por curiosidade e acabo por comprar mais um livro da Taschen, atraído pela taradice sexual e pelo preço moderado: “Roy Stuart, volume III”.
Não sabem quem é? Eu também não. Na contracapa diz que “o mestre do erotismo absoluto está de volta”. A opinião é da Playboy dos Estados Unidos, mas aparece escrita em francês. Não me perguntem porquê. Se calhar foi um francês importante que disse aquilo à Playboy americana.
O chamado mestre do erotismo absoluto é fotógrafo. Isso é certo. A Taschen não edita qualquer um. Quanto ao erotismo é que temos discussão. Porque há muita foto com meninas de sarda na boca. Ah! pois, aguentem-se!
“Crazy girl, what you’re doin’? For the fun? For the money? No…for the pleasure, pleasure, honey”. Começa assim o ensaio “Live show”. E a verdade é que não parece nada que as meninas o tenham feito por dinheiro, mas por prazer.
O conjunto de fotos reporta-se a uma cena de strip, com sexo ao vivo. E podem crer que se vê mesmo muito. Sexo oral, masturbação entre a assistência e um ar genuinamente interessado. A minha opinião sincera?
O fotógrafo reuniu malta disponível para sair em livro com o rótulo “Arte”. E a crazy girl deu-se toda pelo pleasure.
De resto, não se pode desprezar o coeficiente de genuinidade e surpresa em todo o livro, independentemente do maior ou menor grau de encenação das fotos.